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Mostrando postagens de julho, 2010

o falso problema de ugolino

A arte da invenção verbal não é outra coisa senão uma scriptio defectiva (abstrações, recortes, rasuras, reduções sintáticas, etc.) que se limita complementarmente com uma - aparente - scriptio plena . Vale dizer, o fulcro, a razão de ser do poema não se estrutura em torno à reprodução cerrada de uma pretensa verdade referencial presentificada através de uma linguagem sem rasuras. A propósito desse tema, Jorge Luis Borges escreveu um penetrante ensaio intitulado “O Falso problema de Ugolino”, incluído em Nove Ensaios Dantescos (1982). Nesse breve ensaio, o escritor argentino procura demonstrar que a polêmica travada entre diversos comentadores da Commedia a respeito do episódio em que Ugolino supostamente devora, vencido pela fome, os cadáveres dos próprios filhos e netos (Inferno, XXXIII), não passa de inútil controvérsia. Borges sustenta a tese de que deveríamos propender a uma análise estética ou literária do episódio em questão. À pergunta de índole historicista, Ugolino com

tirésias de allan kardec

cena da hagiografia fílmica de chico xavier Muitos heterônimos constituem o homossemiótico Francisco Cândido Xavier. Seu ser, travestido de discursos, falas e cartas do mundo do além (o orum) só admite, mesmo, o compósito médium/meio. Aqui, ele é poeta, ali, pensador, acolá, conferencista, curandeiro fleumático mais além — ou como dizem os de sua religião: médico espiritual. Chico Xavier transfere ao espiritismo iluminista e francês o acento mulato, aclimatando-o, portanto, à religiosidade fetichista e peregrina do Brasil. A descoberta do médium-celebridade por parte expressiva da população brasileira me faz evocar o poema “Descobrimento”, de Mario de Andrade: “ Abancado à escrivaninha em São Paulo/ Na minha casa da rua Lopes Chaves/ De supetão senti um friúme por dentro./ Fiquei trêmulo, muito comovido/ Com o livro palerma olhando pra mim.//Não vê que me lembrei que lá no Norte, meu Deus! / M uito longe de mim/ Na escuridão ativa da noite que caiu/ Um homem pálido magro de cab