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Mostrando postagens de janeiro, 2011

o acabar-começar de memória futura

O alto modernismo, e mesmo a sua transfiguração mais recente, mais hard – em termos de excurso teórico –, isto é, as vanguardas de 1950/60, passam por um processo muito rápido de canonização. Em outras palavras, se historicizam - se a afirmação não fosse um tanto absurda - de maneira abrupta e surpreendente, inclusive porque, não podemos nos esquecer, os registros ou o anedotário da resistência, seja ao modernismo, seja, por exemplo, à poesia concreta, formam uma pequena história à parte. E tal resistência, pelo forte teor arrivista assumido por suas posições e contraposições, não dava, à primeira vista, indícios de fácil assimilação ou trégua. Toda a polêmica em torno do problema contribuiu, ao fim e ao cabo, para fazer da recusa conservadora e alarmista, aceitação incondicional. Cedendo, tolerando a rotina das rupturas (às vezes aparentes), o senso comum ofereceu as condições necessárias para que o alto modernismo viesse a se tornar “uma das manifestações mais oficiais da cultur

revolta e drogadição anestésica

Dichter bem acompanhado Hans Magnus Enzensberger, em ensaio cuja referência já não sei mais onde recuperar, põe em causa a pretensa periculosidade e os índices de subversão por meio dos quais se representa a poesia. E, talvez, como crença nesse meio-entendimento que nos foi legado por Platão – hoje um lugar-comum –, de que o gênero em questão seria perturbador da ordem e que por isso mesmo se justificaria, por exemplo, a expulsão do poeta da república do poder, acabamos por não dar o devido crédito à problematização irônica levantada pelo poeta e crítico cultural alemão. Inclusive porque, ao longo da história, não são raros os episódios, patrocinados pelo estado ou pela sociedade, em que poetas e escritores são submetidos à censura, às perseguições judiciais e políticas, ao exílio, etc. Segundo Enzensberger, isto não prova, no entanto, o efetivo conteúdo periculoso, insurgente, da linguagem poética, ou artística, contra o pano de fundo do controle social. Na verdade, esses fa

jogando conversa fora

Machadinho Literatura-arte, poesia, etc, é aquele momento em que o leitor-fruidor abre o livro (ou lê o texto no blog ou site) e diz, talvez em silêncio, “isso é muito bom”. A figura mais importante no processo da comunicação poética é o leitor; e em dois aspectos: 1) porque o leitor é a outra ponta desse gesto, isto é, é a quem se destina o jogo do texto e quem dá continuação à Literatura enquanto sistema; e 2) porque um escritor é, antes de mais nada, um leitor, teoricamente mais aplicado. O leitor é importante, mas não na perspectiva de que o escritor tenha de ser um facilitador da recepção daquele, ou seja, que o seu texto tenha de ser “acessível” a todas as faixas de público. O leitor é importante, pois ele é “o” interlocutor. Em literatura o leitor é um colaborador dos significados. Ele estabelece o fracasso e o sucesso (provisórios) do texto. É paradoxal, pois embora o leitor exerça a prerrogativa de dar ao texto esse aspecto de obra sempre aberta, é o texto, em fim de c

de um blog ao outro

A linguagem da poesia não é, mesmo, para qualquer um, no sentido em que ela teria sido inventada para ir ao encontro, ou atender à demanda, de um determinado público; não. O movimento é inverso. A poesia engendra o seu público e, se necessário, mais adiante o descarta. De fato, não existe o "público apenas leitor" de poesia porque não há, a rigor, o falante de poesia como há, por exemplo, o falante de inglês, de alemão, de iorubá, de português, etc. É neste sentido que a poesia, segundo Carlos Drummond de Andrade, se converte nesta linguagem de alguns instantes. Uma língua-linguagem efêmera que se inventa ao inventar o seu leitor-falante e os modelos de sensibilidade que ele desentranha de si no agora impreciso e irredutível da leitura criativa.

un verdadero hueco

acabar-começar com o pé certo

quem ainda é quem na literatura portoalegrense? de ordinário os versemakers do lugar não conhecem poesia mas têm notícia de poetas e sabem que em outra parte há espécimes do gênero et pour cause (mulas dissímulas) mais os invejam do que os emulam de quem ainda espero alguma coisa: joão ângelo salvadori diego grando (por 25 rua do templo ) prosadores: enquanto os cultivadores do gênero insitirem em atravessar (não há caminho fácil rumo às musas) as oficinas do thomas mann sulriograndense e do seu tedesco subtenente os reservas manterão aquecido o mercado livreiro-editorial e o regional de literatura estará na ordem do dia de quem ainda espero alguma coisa: altair martins críticos literários: muchos sus ignorancias imprimieron otros en quien la baxa envidia cabe sus locos desatinos escribieron el ignorante es justo que se vengue del letrado – agora abro mão da anáfora – dessa gente não espero nada