Relativamente à circunstância cultural, onde o que importa é esse
estado indiferenciado de tolerância benfazeja (em que cada um cuida de tirar o
"seu" da reta), Sibila até pode
parecer rabugenta, pois busca se situar numa posição de intolerância
responsável; um limite incomodamente disciplinador e, naturalmente, parcial. O
engraçado – se isso não fosse também desagradável – é que os representantes dessa
sala de estar “do bem”, partícipes do aquecido meio artístico, ao menor sinal
de réplica forte, porém civil, deixam aflorar o monstro reativo do orgulho
ferido e, assim, entram no debate, mas de forma infantil, isto é, entram de
costas, a contragosto, fazendo beiço; xingam a mãe do crítico e ameaçam sair da
sala para, inutilmente, mostrar que existem.
Outra coisa que me deixa intrigado. Sibila se refere a uma grande área de formas de arte e pensamento,
mas o website, caros contendores, não comporta o mundo todo. Somos apenas uma
revista de cultura e arte. Entrar na alça de mira dos colaboradores de Sibila não significa nem o enterramento,
nem a consagração eternas. Infeliz ou felizmente, Sibila (mais uma vez coloco-a em relação), muito pela singela
dessemelhança, acaba constrangendo muitos desses espíritos sensíveis, a ponto
de um ou outro chegar à situação neurastênica de propor o boicote à revista. Nossos
desafetos, ao invés de levarem a efeito a sugestão do barroco Calderón de la
Barca segundo a qual “quando tão rota a razão se encontra/ melhor fala quem
melhor cala”, preferem antes calar quem justamente parece tê-la um pouco menos
alquebrada.
Ronald Augusto, diretor associado de Sibila
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