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Mostrando postagens de junho, 2012

os outros eus com que o poeta se mascara

Augusto dos Anjos é e não é o poeta do hediondo; é e não é um poeta kitsch ; é e não é um poeta barroco; tem um pé no pop e outro no cult. Por ser talvez o poeta mais popular da tradição poética brasileira, Augusto dos Anjos é de todos e é de ninguém. Só quando nos situamos poeticamente entre as capas do seu livro Eu (e a primeira pessoa do título trata-se de uma persona , isto é, de um símile “através do qual” o poeta faz soar uma voz) percebemos que Augusto dos Anjos se multiplica, na verdade, em outros eus . O paraibano Augusto dos Anjos (1884-1914) morre aos 30 anos. Seu único livro publicado, Eu (1912), aparece dois anos antes de sua morte. Augusto dos Anjos produz sua poesia num complexo enclave temporal de estilos poéticos e concepções de mundo. Sua formação de poeta incorpora, de um lado, os contributos do simbolismo e do parnasianismo e, de outro, se deixa contaminar (entre outras ilusões deterministas) pelo positivismo e pelo darwinismo. O filósofo alemão S

uma pausa e outra

escrever à mão outra vez, aos poucos, no controle da caligrafia, para que um dia, os olhos uma segunda volta sobre essas linhas, um dia, acompanhem a linha do pensamento, se tal lhes parecer agradável, o que nele havia de discurso, o que se arrastava, suspiro de ideia após palavra aposta na superfície do fio, sem esbarrar na rasura, em que a feiura, ínsula lisura de calígrafo de punho duro, em que a troia tronchada desaba, o cabelo no ombro, guitarra lânguida de cordas azinhavradas, a caspa do passado polvilhada no encosto do sofá-cama, assim a escrita enfileirada à maneira de fachadas, atenção a essas casas do 19, algumas que topamos, a idade de suas arquiteturas encimada, um brasão do tempo, o sucinto recinto, o breve quadrículo onde lhe é facultado o obséquio da recepção mas sem que se lhe permita o forro, o avesso, a intimidade indecorosa dessas habitações, a senhora o atenderá em um minuto, pois não, uma ordinária caligrafia apreensível, em paralelo com a demorada v