Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de dezembro, 2013

felizmente passou

Se os bons escritores apelam à relevância da crítica, os maus escritores a fazem necessária. Bons livros tornam possível e louvável a crítica que reconhece e traz à superfície as qualidades de tais obras. Mas os livros ruins – ainda mais quando tidos e havidos por obras sérias – afirmam o gesto indispensável da crítica que procura revelar esse blefe. Portanto, é justo que sejamos gratos – e críticos com relação – aos livros ruins e àqueles que, seja por boas ou más intenções, tentam nos passar semelhante conversa. Isto posto, passemos ao comentário propriamente dito. Entre as três leituras significativas, deste ano de 2013, que gostaria de destacar – coerente com o parágrafo acima e atendendo à solicitação do Edson Cruz, editor do site de literatura e arte http://www.musarara.com.br/ –, confesso que apenas uma foi efetivamente surpreendente, ou seja, prazerosa, e, por isso, começo por ela. Trata-se do livro Las montañas del oro do poeta argentino Leopoldo Lugones, um do

a múltipla verdade de pau de mulungo

Daniel Rosa dos Santos é um escritor malandro, quer dizer, sua aposta, sua incisão particular, não está interessada na manutenção da Literatura como sistema; como escritor malandro ele quer perpetuar, na precariedade da fruição, o valor suntuoso do texto; seu ego scriptor não tem muito que ver com a imagem do competente e pálido escritor contemporâneo. A empreitada do livro feito no muque, livro feito à mão (um feito de prazer análogo ao do texto), materializa nesse gesto de oficina irritada (artesanato não-mercantil) a imaterialidade de sua escritura, que é tanto malandragem quanto linguagem. A prosa de Daniel Rosa dos Santos é malandra também na acepção em que Antônio Cândido, no estudo “Dialética da malandragem”, caracteriza o romance Memórias de um sargento de milícias , de Manuel Antônio de Almeida, como o paradigma do “romance malandro”. Um desocupado escritor convoca um desocupado leitor a um jogo de enganos. Pau de Mulungu é mais um lance desse jogo: perpétuo móbile

a música de madiba

Confesso, em primeiro lugar, que o teor destas anotações relativas a Nelson Mandela e a uma série de coisas que no momento cercam sua figura, será um tanto aleatório e subjetivo; seria descabido tentar fazer as vezes do historiador ou do sociólogo. Meus pontos de vista sobre o assunto são parciais, isto é, por óbvias razões (ao menos para mim) tomo o partido de Mandela. De resto, com um rápido lance de dedos no teclado do computador ou na tela do tablet, o interessado estará às portas da Wikipedia e aí encontrará muita informação sobre Mandela. Ezra Pound disse em algum lugar – se a memória não me engana – que todos os homens deveriam se unir para cantar o Ulysses de James Joyce. Com o pedido entusiasmado, Pound procura dar conta da importância de tal obra, tanto para o seu tempo, como para o que viria a seguir. Trocando duas ou três palavras da frase de Pound, ela caberia à perfeição para traduzir meu sentimento e o de muitos outros em relação a Nelson Mandela e sua simbolo

sem maldizer

Chão que se foi / ronald augusto [guitarra e voz]  Quem sabe o lado certo de onde vem  O que já foi deixando só escuridão  Quem sabe o lado certo de onde vem  De onde vem  Vento de então  Céu de não mais  Mar sem depois  Chão que não foi  Além do lado esquerdo o que que há  O pé do bêbado lambe a solidão  Além do lado esquerdo o que que há  O que que há  Chão que se foi  Sem perceber  Toca o vazio  Sem maldizer  [guitarra: leandro theisen; baixo: rogério gil; e na bateria: cristiano ungrad]