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Mostrando postagens de janeiro, 2014

Literatura negra: além da recepção convencional

Ronald Augusto [1] Podemos distinguir, esquematicamente, dois tipos de artistas. De um lado, aquele espécime cuja arte se mantém muito rente à vida e ao real; e, de outro, o sujeito que entende a arte como uma transfiguração da circunstância, isto é, sua obra nos faz supor uma indisposição com relação ao real. O senso comum, entretanto, parece disposto a dar mais crédito ao artista do primeiro tipo. Ao contrário do representante do segundo tipo, este artista não pode ser um fingidor. O fruidor admira o poeta que suja suas ferramentas inspecionando os transes do vivido. Assim, o objeto de arte se transforma num sucedâneo sentimental e público de uma singular experiência existencial. Precisei desse preâmbulo pela seguinte razão: há uma percepção de que a verdadeira arte se confunde com a vida e isto, bem ou mal, serve de critério para avaliarmos uma infinidade de manifestações criativas, porém com uma exceção: a literatura negra. Muitos não aceitam que o qualificativ