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Mostrando postagens de fevereiro, 2014

oriki de orixá para giba giba

Giba Giba negro. Giba Giba bom. Giba Giba sempre de bom humor. Em respeito ao que é irredutível ao homem e ao músico Giba Giba, morto recentemente, interrompo por aqui a pequena analogia intertextual em que o ponho em relação com a personagem do poema “Irene no céu” de Manuel Bandeira. Primeiro porque embora a atitude de Giba Giba, no que toca à sua inserção na tradição cultural e musical de Porto Alegre e do estado, tenha traços mais conciliatórios do que de confronto, não me parece possível associar sua imagem à do negro da casa-grande que, como a Irene de Bandeira diante de São Pedro bonachão (cara cor de fiambre) e às portas do céu, talvez se dobrasse humildemente a perguntar: “dá licença, meu branco?”. O riso eterno da caveira de Irene ainda é perversamente desejado. Sequer no recinto sacrossanto da morte é permitido ao negro não pedir licença. Vá que o poeta tenha bolado um desfecho ambíguo: a anedota lírica oscila entre “humor negro” e humor de branco, o que, afinal de co

Walter Franco, dreaming Ou não

Ro nald Augusto [1] Em uma cena do excelente documentário A história do Jazz de Ken Burns, o compositor Duke Ellington, ao ser indagado por seu entrevistador sobre a questão de onde , de que lugar insondável, tirava as ideias para as suas composições, o músico e maestro responde, de início, que se vê sempre sendo assediado por uma infinidade de sonhos, portanto, o que ele mais faz é sonhar, o tempo inteiro. O jornalista e crítico, sentado senhorialmente em sua poltrona, reagindo à indolente resposta com uma ponta de ironia e como se executasse um xeque enxadrístico, retruca: “mas eu sempre pensei que você tocasse piano” (“tocar piano” = fazer música), e Duke, desguiando – como diria o escritor João Antônio – e encerrando a virtual partida com um mate maravilhoso: “isto não é piano, é sonhar, ouça...”. Neste momento, Ellington, que até então estava preguiçosamente encostado ao instrumento, mão no rosto, de pronto se posiciona e começa a executar uma harmonia ao piano, mas