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Mostrando postagens de dezembro, 2014

resposta insuficiente

“o que é poesia?” é a grande questão que move os poetas, mesmo quando aparentemente ela não vem à tona do campo de significação de seus poemas; a resposta mais fácil, resposta de bolso, talvez seja a que diz que a poesia é quando a linguagem para nela mesma, ou seja, quando o leitor percebe que a linguagem se dá em espetáculo, quando o leitor é obrigado a ver/ler o que está de fato escrito/inscrito ante seus olhos e não o que ele imagina estar sendo dito por meio da linguagem, em outras palavras, o poeta não quer dizer, ele já disse, já materializou um objeto estético-verbal significante, e que é uma coisa  polissêmica; mas se alguém nos perguntasse, por exemplo: “o que é a escultura?”. eu responderia de modo sintético apontando um espécime: o pensador de rodin . sim, mas como se faz escultura? ah, pois é. “o que é poesia?” é uma pergunta que parece supor também isso: “como se faz?” é necessário conviver com os poemas para saber o que é poesia, e não confundi-la [a poesia] com o

entrevista para o Sul21

Consciência Negra, Globeleza e homicídio da juventude: entrevista com Ronald Augusto Débora Fogliatto A população negra e parda é historicamente oprimida no Brasil, sendo excluída nas mais diversas áreas, como saúde e educação. Na cultura, a situação não é diferente. Desde a elitização do carnaval, passando pela “mulata” Globeleza sambando nua nas telas da televisão, até o homicídio da juventude, as pessoas negras são escanteadas e estereotipadas no imaginário social brasileiro. É dentro dessa perspectiva que Ronald Augusto, poeta, compositor e músico, critica os processos que cercam a representação das pessoas negras na cultura e na arte brasileira. “Acho que o Carnaval, como é atualmente, está perdendo a condição originária dele, que era uma manifestação das comunidades negras. Agora ficou muito grande economicamente, virou uma espécie de extensão daquela cenografia da Rede Globo”, ponderou, sobre a festa nacional mais famosa do país. O poeta também falou sobr

as figurações às escuras em Uma Denise

Segundo a tese irônica do poeta Décio Pignatari, uma revolução completa em literatura pressupõe duas meias revoluções, isto é, uma a se cumprir na prosa e outra na poesia. Mas essa tese admite algumas variações não menos irônicas. Se considerarmos que, grosso modo, tanto em prosa quanto em poesia – e, de resto, em qualquer forma de linguagem nomeadamente estética – existe uma tensão entre modos mais alusivos e modos mais diretos de representar a coisa, então podemos afirmar que um percurso textual completo deve, em algum momento, conciliar esses modos de representação. O fato de o escrito poder se situar mais ou menos rente a uma suposta realidade (verismo) diz algo a respeito, apenas, de sua constitutiva determinação para o indecidível. Avançar qualquer outra análise cujo parti pris despreze essa disposição significante – plasmada inapelavelmente na linguagem – contraria a moderna categoria da ficção que se constitui como um tipo de discurso que não cabe nem sob a divisa da ve