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Mostrando postagens de agosto, 2015

Nem, nem

[ nem raro nem claro , ed. butecanis, 2015] [ mnemetrônomo , ed. butecanis, 2014] Por Ricardo Silvestrin  [texto publicado originalmente em: http://www.musarara.com.br/nem-nem] Depois de Empresto do Visitante (Patuá, 2013), livro em que cintilam poemas-instante, clics da paisagem que ombreiam em beleza com o que retratam, Ronald Augusto lançou dois volumes pela editora Butecanis: Mnemetrônomo (2014) e nem raro nem claro (2015). No primeiro, o poeta enfrenta, não sem revelar o esforço que a tarefa demandou, a construção de poemas metrificados: . dizer em sáficos esses dez lustros com que deslustrei minha juventude não é de amargar mas me sai a custo (…) . Mas não pensem que a forma clássica amansou o discurso enviezado que costuma estar presente na poesia de Ronald. A seleção de palavras com pontas, que se atritam entre si no poema, continua presente: ao peso se dobra . por seu modo insurrecto e sem molhar palavra ria menos viril que

a pregação sem medida de Nuno Ramos

Sermões , a pregação sem medida de Nuno Ramos Ronald Augusto [1] No que diz respeito aos processos construtivo e formal, no sentido de uma determinação compositiva, Sermões parece não ter um desígnio preciso. Tudo vai ao modo do acaso, como se o autor levasse um encontrão fortuito e desse episódio surgisse sua pregação sem medida. A forma é insignificante e meramente contingente, isto é, poderia ser diferente, o impulso poderia vir de qualquer lado. Ainda que pareça uma ideia fora do lugar – e para provar o contrário julgo ser oportuno apelar ao domínio das artes visuais de onde vem Nuno Ramos –, eu diria que sua poesia é uma tentativa não muito bem sucedida de transposição do informalismo pictórico [2] para o campo da criação verbal. Com efeito, em Sermões há uma série de indícios que se ligam a princípios do movimento do informalismo na pintura, por exemplo, a aposta no uso imprevisto das matérias que resulta no apetite pela mancha e pelo errático; a aleatoriedade