Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de fevereiro, 2016

o diálogo Mênon

Ronald Augusto [1] O diálogo platônico – mimese da “ação de dialogar” – enquanto forma literária filosófica constitui, talvez, o legado mais acabado da tradição do pensamento grego que, por seu turno, serve de matriz importante à filosofia do ocidente. Grosso modo, enquanto o que nos resta das obras, tanto dos que precederam a Platão, quanto dos que foram, mais ou menos, contemporâneos do filósofo, são referências ou fragmentos, dele, entretanto, temos um corpo expressivo de diálogos cuja autoria lhe é atribuída sem grande controvérsia. Mênon , objeto deste comentário breve e incompleto, é um diálogo ainda sob o impacto do pensamento e do estilo socráticos, isto é, não faz parte da produção considerada madura de Platão. É importante frisar também em relação à obra em tela que a empreitada tradutória de Maura Iglésias parte, à primeira vista, de dois pressupostos, a meu ver, acertados: de um lado o idioma de partida (o grego) se projeta sobre o idioma de chegada (o port

iguais desiguais: entrevista

Entrevista com  Ronald Augusto  concedida a  Marcio Renato dos Santos  para a reportagem de capa da edição 52 do jornal  Cândido , de novembro 2015 – editado pela Biblioteca Pública do Paraná. Levando em consideração a sua experiência, o que é ser um autor, um poeta negro no Brasil? O meio literário é, em certa medida, a representação especular, embora com suas singularidades, das imposturas e imposições socais, raciais e econômicas abrigadas sob o arco ideológico que, por sua vez, tem um forte traço conservador. Minha experiência como poeta e escritor negro em Porto Alegre me ensinou a reconhecer a existência de um desconforto mútuo, isto é, às vezes represento o outro, o estranho e, de outra parte, os demais escritores, que deveriam ser aquilo que chamamos “os [meus] iguais”, formam um grupo com o qual não alcanço ou nem quero alcançar a menor identificação. Felizmente, a contragosto do solo, a literatura brasileira tem uma série de artistas que me servem de paradi